28/07/2021
Falta de computador, de internet e de apoio do Governo afasta estudantes brasileiros pobres da educação, ampliando o fosso da desigualdade. Enem tem o menor número de inscrições desde 2005Érika Maciel de Souza dos Santos, de 16 anos, queria ser médica. Mas às vésperas do vestibular, ela está frustrada. Há meses deixou de acompanhar regularmente as aulas do 3º ano do Ensino Médio e desistiu de prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sua esperança de ingresso na universidade. No início da pandemia, ela morava na casa da avó no bairro Goiabeiras, na periferia de Fortaleza. Acompanhava as aulas à distância por meio de um celular emprestado, mas só depois de meses o pai conseguiu ajudá-la a colocar Wi-fi em casa e lhe deu um aparelho próprio. Mesmo assim, um problema burocrático com o e-mail institucional (requisito para o contato por vídeo por alguns professores) a fez ser rejeitada duas vezes nas videochamadas com o professor. Foi a gota d’água. “Faz quatro meses que eu não faço as atividades e também desisti de ir atrás. Tava difícil aprender”, conta.As dificuldades enfrentadas pelos estudantes pobres brasileiros durante o ensino remoto estão aumentando a distância entre eles e suas escolas. Principal porta de entrada no Brasil para as universidades, o Enem foi um termômetro do problema: teve neste ano apenas 3,1 milhões de inscrições confirmadas, o menor número desde 2005, uma consequência, segundo especialistas, também da perda de vínculo dos alunos com a escola durante o longo período de ensino remoto limitado. No ano passado, o primeiro da pandemia, 172.000 crianças entre 6 e 17 anos abandonaram a escola no país, segundo estimativa de um relatório do Banco Mundial. No momento em que Estados e municípios começam a discutir uma retomada presencial, estima-se que 1,5 milhão de jovens estejam fora da escola.Leia na íntegra: El País
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